quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O legado espiritual dos Reformadores (Rev. Paulo)

No dia 31 de Outubro de 2010 celebramos os 493 anos do início da Reforma Protestante. A história dos homens que lideraram a Reforma no continente europeu é uma história que inspira a nossa caminhada de fé no presente. Estes homens, certamente, nos deixaram um legado. Um legado é uma herança, um costume ou uma tradição que se passa de geração em geração. Martim Lutero e João Calvino foram formadores de uma tradição espiritual que continua a exercer sua influência através dos séculos. Nesta mensagem iremos olhar para a história, para as Escrituras e para a teologia dos Reformadores a fim de interpretar o seu legado espiritual e assim encontrar aplicações para a nossa vida de fé.

1) OS REFORMADORES NOS INSPIRAM À CORAGEM DE DIRIGIR A VIDA PELA PALAVRA DE DEUS
Vejamos 2 Timóteo 3.16-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”
Reconhecendo a importância de ter uma vida norteada pela Palavra, João Calvino disse que a fé e todo reto conhecimento de Deus “nascem da obediência à Palavra.”
Avançar até as últimas conseqüências na obediência, no zelo e na incansável busca da direção proveniente das Escrituras, constitui um grandioso desafio para todo aquele que professa a fé em Cristo. O impacto da Reforma e as transformações geradas a partir da eclosão do movimento, nos inspiram a acreditar que a nossa relidade - por mais dura, desalentadora ou desperançosa que seja - pode ser transformada quando usamos de coragem para nos lançar no caminho da Palavra de Deus.

2) OS REFORMADORES NOS DESAFIAM A BUSCAR INCANSAVELMENTE A PIEDADE PESSOAL
Observe 1 Timóteo 4.7b: “Exercita-te, pessoalmente, na piedade.” O conselho do apóstolo Paulo a Timóteo é uma preciosa dica para uma vida espiritual bem-sucedida. Neste ponto, precisamos definir “piedade”. Ora, piedade é aquele santo temor, devoção e amor a Deus que se encontra no coração dos justos.
A piedade pessoal se relaciona com o esforço para viver na constância do “orai sem cessar” das Escrituras (1 Tessalonicenses 5.17). Em perspicaz demonstração deste esforço, Lutero escreveu: "Hoje tenho muito a fazer, portanto hoje vou precisar orar muito.”
De sua experiência de devoção e conhecimento bíblico, Calvino propôs quatro regras para a oração:
I. Reverência;
II. Contrição (coração arrependido);
III. Humildade;
IV. Confiança.

3) OS REFORMADORES NOS ENSINAM QUE O MELHOR CAMINHO É O DE CONFIAR NAS PROMESSAS DE DEUS
Calvino insistia no caminho da plena confiança nos propósito eternos de Deus: “Seja o que for que Deus tenha que fazer, inquestionavelmente o fará, se ele o tiver prometido.”
Nossa confiança precisa ser exercida – seja qual for o momento que estamos passando – naquilo que Deus promete em sua Palavra: “Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Efésios 3.20).

4) OS REFORMADORES NOS INSPIRAM A FAZER UMA REFLEXÃO RADICAL SOBRE NOSSA MISSÃO NO REINO DE DEUS
O Senhor Jesus nos diz em Marcos 16.15: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” Refletindo sobre este mandato, Lutero escreveu: "A pregação dos apóstolos seguiu por todo o mundo (...) Esta ida começou e foi levada adiante, apesar de ainda não estar concluída, visto que continuará até o último dia."
O retorno à Palavra deve ser seguido do avanço missionário. Nossa obra, portanto, é a continuidade da missão de pregar o Evangelho ao mundo. Diante do quadro de estagnação e do comodismo missionário de muitas igrejas herdeiras da Reforma, somos desafiados a refletir radicalmente sobre nossa inserção na atividade de anúncio do Reino de Deus. A palavra de Lutero, após mais de quatro séculos, nos inspira e desafia a perseguir a continuidade da missão cristã até o último dia da igreja na terra.

Conclusão: Será que não chegou o tempo de “reformarmos” a nossa vida num sentido integral? Conheço uma pessoa que trabalha com a restauração de edifícios antigos numa grande capital. Essa é uma reforma que pretende deixar o “velho” novo e utilizável.  Talvez sua vida de fé, de relacionamentos e de serviço a Deus possa estar precisando de uma reforma. Como os reformadores, deixemos a Palavra de Deus “reformar” a nossa história.

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