quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As visões de Isaías (Rev. Paulo)

Isaías 6.1-8

Alguns encontros podem mudar uma vida. Pensemos juntos em algumas realidades, tais como: o dia em que encontrei a pessoa que amo; o dia que encontrei a pessoa que me indicou para o trabalho que eu necessitava; o dia que encontrei com aquele (ou aquela) que trouxe uma orientação preciosa e iluminadora na escuridão das minhas indecisões. Logo após estes encontros, é comum dizermos: “Eu estava no lugar certo, na hora certa, com a pessoa certa.”

Um israelita chamado Isaías experimentou um destes encontros no XVIII século antes de Cristo. Seu encontro foi uma experiência espiritual. Esse encontro produziu uma visão; na verdade, três tipos de visão. O tema desta mensagem é: “As visões de Isaías.”

I. UMA VISÃO DE DEUS
A Bíblia, em vários episódios, nos mostra a história de homens que se encontraram com a história de Deus. Moisés foi achado por Deus quando estava no pasto, tratando de ovelhas (Êx 3.1-2). Gideão foi achado por Deus enquanto exercia seu papel de agricultor (Jz 6.11-12).
Isaías era de uma família nobre. Entretanto, a experiência com a glória de Deus foi o maior tesouro que ele encontrou em toda a sua vida. Mas o que ele viu? Segundo a Bíblia: O Senhor (Adonai, “Soberano”) assentado no seu trono (v.1); os Serafins, que são seres angelicais com seis asas (v.2); grande fumaça (v.4).
Tomás de Aquino foi um dos maiores gênios da humanidade. Morreu no ano de 1274, deixando um legado de escritos filosóficos e teológicos. Seu pensamento norteou o ensino das universidades européias na idade media, e, em muitos setores, até o dia de hoje. Esse pensador disse: “A última felicidade do homem não se encontra nos bens exteriores, nem nos bens do corpo, nem nos da alma: só pode encontrar-se na contemplação da verdade”. Ora, após ter escrito milhares de páginas e ter mudado a forma de pensar em seu tempo, poucos meses antes de sua morte, Aquino entrou na capela para o momento de devoção. Ali recebeu poderosa iluminação, experimentando de um êxtase. Depois disto, nada mais escreveu. Disse que depois desta experiência seus escritos poderiam ser considerados “como palha”.
A visão que nós tivermos de Deus será o elemento que mudará nossas vidas para sempre.

II. UMA VISÃO DE SI MESMO
O v.5 diz: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” João Calvino escreveu em suas Institutas da Religião Cristã: “...é notório que o homem jamais chega ao puro conhecimento de si mesmo até que haja antes contemplado a face de Deus.”
Em outras palavras, somente conhecendo a Deus é que teremos um verdadeiro conhecimento sobre nós mesmos. O dia em que se deparou com a visão dos céus foi o dia que Isaías soube quem ele realmente era.
A luz de Deus mostrará toda a intensidade das nossas trevas. Enfim, poderemos descobrir que estamos perdidos! Gostaria de trabalhar um pouco mais a frase “estar perdido”. Vou apontar algumas categorias de “perdidos” que tornarão nossa discussão mais interessante. Veja:
1) O perdido que faz uma “maquiagem” na sua perdição.
2) O perdido que se esconde por trás da religiosidade.
3) O perdido que considera os outros sempre mais perdidos que a si mesmo.
4) O perdido que orgulhosamente pensa que não está perdido.

Contudo existem homens e mulheres que ao saber de sua perdição conseguem tomar a decisão certa. Esse tipo de pessoa, após descobrir onde está e quem realmente é, investe na busca pela mudança. O sincero arrependimento lhe acompanha e ele (ou ela) passa a perseguir a vontade de Deus – exatamente como Isaías! Enfim, esse é um perdido que será achado e se dará bem.

III. UMA VISÃO DO MUNDO
Diz o texto no v.8: “Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim!” A experiência com Deus despertou no profeta a necessidade de anunciar a Palavra de Deus ao seu povo, que estava tão perdido quanto o próprio Isaías. Aquele que experimenta da grandiosidade do poder e do perdão de Deus terá uma chama queimando em seu coração: Ele olhará para o mundo e desejará que outros experimentem o que ele experimentou.
Nesse ponto é inevitável falar de evangelização. Poderíamos resumir a evangelização do seguinte modo: “É a obra de transmitir o poder e o perdão que gratuitamente recebi em Jesus para o meu próximo; é olhar para o mundo e falar do que eu conheço e do que eu experimentei". No século XVII, Blaise Pascal declarou: “Crer em Deus não é pensar em Deus, mas sentir Deus”. Quem encontrou Deus e a verdade sobre si mesmo olhará para o mundo e dirá: “As pessoas precisam sentir o que eu estou sentindo!”
Aquele que evangeliza, afirmo, é um transmissor de sentimentos. Quando ganhamos um tremendo presente ou nos deparamos com uma notícia maravilhosa, não conseguimos ficar quietos; queremos compartilhar nossos sentimentos com o mundo. É desse modo que Isaías passou a agir no que diz respeito a sua fé.
Quem sente, descobre e encontra com Deus não se conterá, irá falar de Deus. Essa pessoa dirá: “Envia-me a mim!”

Conclusão: Após o encontro com Deus, com a verdade sobre si próprio e sobre a realidade do mundo (pecador), temos a construção de uma nova identidade, um novo ser. Estamos falando agora de uma “nova criatura”. Estas são as visões de Isaías.

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