1 Pedro 5.10 nos diz: “Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.”
A reflexão sobre as origens do sofrimento é antiga. Há quem diga que boa parte da filosofia produzida na Grécia antiga buscava a resposta diante de uma questão: a angústia! Dias de sofrimento são dias de fazermos perguntas. Desejamos saber suas origens; desejamos saber por que estamos sofrendo. Este assunto que nunca sai de moda é motivo da produção de centenas de obras nos últimos anos. Assim os livros de auto-ajuda são vendidos aos milhares. De outro lado, livros que buscam respostas a partir do viés místico (Paulo Coelho, literaturas espíritas) têm levantado uma legião de simpatizantes.
Nesta mensagem não pretendo esboçar nenhuma reação crítica a estas literaturas. Até porque isto poderá ser feito em outro momento. Nossa fé evangélica e reformada encontra sérias divergências com estas obras. Minha intenção, todavia, é olhar para a Palavra de Deus e encontrar respostas diante daquilo que nos é permitido saber. Em sua epístola, Pedro não estabelece um padrão de negação do sofrimento (como toda a Bíblia); ao contrário, ele aponta para a soberania de Deus em operar nestes processos. O objetivo desta abordagem temática é olhar para fatos antecedentes e tentar localizar algumas respostas que poderão ser úteis aos nossos questionamentos sobre o sofrimento.
I. O SOFRIMENTO PODE SER UMA PROVAÇÃO VINDA DA PARTE DE DEUS
Em Tiago 1.12 lemos: “Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.
O que vou explicar não constitui nenhum tripé de dificuldades doutrinárias. Simplesmente, segundo a Palavra de Deus, a provação têm uma só origem: os desígnios de Deus!
Segundo a mensagem de Tiago, as provações são um teste de fé e de caráter. Depois de passar nessa prova, o servo de Deus será recompensado. O sofrimento, portanto, pode ter sua origem nos misteriosos propósitos divinos.
II. O SOFRIMENTO PODE SER CONSEQÜÊNCIA DE PRÁTICAS PECAMINOSAS
Ao chegar num tanque público, Jesus se deparou com um homem que estava enfermo há 38 anos. Diz a Bíblia que ele não podia andar. Porém o encontro com Jesus encerra este período de sofrimento. O Senhor diz a ele: “Levanta, tome o teu leito e anda”. Ora, o homem andou! Mas o que nos chama a atenção é a palavra que Jesus traz a este homem quando o encontra de novo (João 5.14): “Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.”
Perceba que o sofrimento estava associado com algum tipo de prática pecaminosa acalentada por aquele homem. Uma trajetória de pecados (não confessados, não resolvidos, não abandonados) pode resultar em sofrimentos e males que irão atormentar a vida das pessoas durante anos e anos.
III. O SOFRIMENTO PODE DERIVAR DAS IMPERFEIÇÕES DO MUNDO PÓS-QUEDA
Nosso mundo e a história humana constituem uma vasta história de imperfeições, dor e sofrimento que estão presentes nos processos naturais. Lembremos que o gênero humano sofreu uma radical mudança com um evento que chamamos de “Queda do homem”. A narrativa sobre a Queda se encontra a partir de Gênesis capítulo 3. O texto afirma que após quebra do princípio da obediência pelos primeiros representantes da raça, o caos se instalou no mundo. Assim vieram as doenças, o trabalho árduo e desgastante, as crises relacionais, toda sorte de males e a morte (vv.16-19).
O Novo Testamento em Romanos 8.22-23, igualmente trata dos efeitos resultantes da Queda: “Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.”
A criação geme – sofre! – pelos efeitos do pecado, ansiando pela manifestação de um novo céu e uma nova terra. Com isso reconhecemos que estamos numa situação de imperfeição. A segunda vinda de Cristo será a solução definitiva pela qual teremos de aguardar.
IV. O SOFRIMENTO PODE TER A SUA ORIGEM EM INVESTIDAS DO MALIGNO
Você também precisa saber que o sofrimento pode ter sua origem nas ações demoníacas.
Olhe que o Senhor Jesus nos diz em Lucas 13.11-13: “E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se. Vendo-a Jesus, chamou-a e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade; e, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus.” Esta mulher sofria porque o diabo havia lançado nela a enfermidade (uma espécie de solda nos ossos da espinha). Por este relato, está evidente que o sofrimento pode resultar de investidas do maligno para aprisionar pessoas através da doença, tirando-lhes a qualidade de vida.
Conclusão:
Interpretar as razões do sofrimento não é algo fácil e nunca será. Contudo o discernimento espiritual (adquirido com o exercício de uma espiritualidade viva) poderá trazer luz sobre o assunto. Sugiro não uma palavra final, mas alguns conselhos:
1) Se você tiver a percepção de que sofrimento é uma provação, permaneça firme e se fortaleça na fé.
2) Se você tiver a percepção de que o sofrimento é resultante de uma trajetória de pecados, mude de vida!
3) Se você tiver a percepção de que o sofrimento deriva das imperfeições da natureza humana, de nada adiantará mergulhar no desespero. Creia em Cristo e viva na esperança que livramento final que virá da parte dele.
4) Se você tiver a percepção de que o sofrimento é um tormento maligno, procure ajuda. Ore com o povo de Deus, buscando a libertação que só será alcançada em submissão à Cristo.
5) Por fim creia que o sofrimento, para o servo do Senhor, será uma catapulta que o lançará à maturidade, ao crescimento e a fortificação na caminhada da fé.